Nem todo elitismo é malígno

terça-feira, 1 de julho de 2008

Certa vez, numa conversa com amigos jornalistas, me perguntaram o que eu achava do “nível” dos políticos brasileiros. De pronto, respondi que temos perfis um tanto “exóticos” e outros dignos de aplausos. (Sim, precisamos reconhecer os engajados!).

Reclamei que não existe formação específica para alguém ser político. Qualquer um, basta querer, pode se filiar a um partido e, se conseguir o apoio da legenda, tem como disputar vaga em pleitos. Pois bem, as divergências começaram nesse ponto. E aconteceu depois que me posicionei a favor do que eles chamaram de “elitização” das nossas casas legislativas.

Repito aqui o que disse à mesa redonda de jornalistas: se for pra termos mais projetos de inclusão que tenham impacto positivo na qualidade de vida do povo, dou apoio incondicional a essa tal de elitização. Se for pro salário chegar a um patamar que dê pra gente viver melhor, apóio; se for para que as áreas de risco de Fortaleza diminuam, sou elitista; se for pra ida à escola deixar de ser uma moeda de troca por merenda, apóio; se for pra ver os teatros lotados de gente com cultura à flor da pele, sou elitista.

Mas assumo essa postura não porque tenho afeição com intelectualidade no poder ou qualquer coisa do tipo, mas porque julgo fundamental a formulação de ações urgentes e emergencias para amenizarmos as diferenças sociais que há mais de meio milênio segregam brasileiros e brasileiras.

Partindo disso, vale a reflexão de exigências mínimas para que os assentos parlamentares sejam ocupados por pessoas à altura da necessidade do povo. Só não sou de acordo com a idéia de que, ao chegarem nas tribunas da vida, esses eleitos inflem os egos e se vejam acima dos rélis mortais a ponto de quererem (re) instaurar a postura do “faço o que quero, quando quero e no que me render retornos particulares”. Mas esse já é um outro viés que deve ser analisado desde a época do Império, levando em conta a cultura que fez esses homens agirem como o que vemos hoje em dia.
BdeCastro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Pois é. Pra mim, elite é o que há de melhor em determinado universo. O que comumente é chamado de elite, não faz juz ao nome. Também é meio preocupante se medir o grau de satisfação apenas por uma ideologia, sem levar em consideração ações práticas, como vc tão bem assinalou.

Pensei que ia ler alguma coisa sobre Guará.

abraço

Anônimo disse...

Não entendi a qual elitismo vc se refere...

Anônimo disse...

Olha, um dia alguém vai perceber que precisa fazer a sua parte. Um abraço.

Nina Souza disse...

Mas, em um país onde o povo sequer é bem alfabetizado, você acredita mesmo que somos capazes de ditar o mínimo necessário para que eles sejam minimamente eficientes?

Claro que ética, moral, nacionalismo são coisas que independem do grau de instrução... mas em um país sem educação, é praticamente nulo. Porque, no final das contas, é como sempre escuto quando comento sobre o assunto: "vai dizer que se vc tivesse lá você não faria pior?"

bjs, gostei do teu canto. Volto mais vezes.