mEU pequeno Lucas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Apenas aos 23, quase 24, Lucas descobriu que teria ninguém para salvá-lo depois que ele salvasse o mundo de todos ao seu redor. Algo triste para um menino cheio de sonhos. Impactante, na verdade. Mas não por acaso. O encontro tardio com o cru colaborou para isto.

E tudo por conta de desleixo. Alheio, diga-se de passagem. Não ter olhares correspondidos é algo que mata. Aos poucos, mas mata. E da pior forma possível. Com Lucas, foi assim. Quando deu por si, já era um homem amargo; ressentido; doído.

Culpa também das horas roubadas. Tanto empenho para nada de reciprocidade. Notar a unilateralidade corroeu. De vera. E, num primeiro momento, pareceu algo letal. O pequeno Lucas não esperava por algo assim.

Mas aconteceu. Assim como foram recorrentes os monólogos. As palavras eram jogadas ao vento. A ninguém...apesar de ter sempre um à frente ou ao lado. Era como um grito mudo. Ou coisa que o valha.

Em casa, o que era para ser um refúgio, tornara-se quase um quarto branco. Tudo era oco. Sem sentido. Sem referência. Sem apego. Sem sentimento. Nada. Somente um dormitório. Um tormento.

No fim, restou abrir mão de tudo.
O silêncio do sono e a segurança da escuridão valiam mais a pena.
Lucas foi-se.
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Bruno de Castro.