Até logo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Osmar sempre se adiantou aos fatos.
Marcou a vida sendo um precursor de movimentos.
Pode ser resumido como um homem de raça e, acima de tudo, fé.
Fé à sua moda, é verdade. Mas fé.

No meu caso, essa relação começou há exatos 12 anos.
Eu, um meninote aos 11 e que amava um certo conjuntinho amarelo-gema, em pleno Rio de Janeiro.
Encantado com a cidade...com o Cristo...com os bondinhos do Pão de Açúcar.
Feliz. E ele do lado.
Não desgrudava um minuto sequer.
Parecia imaginar o que eu queria e trazia até a mim o que eu queria.

Pois bem.
Na última terça-feira, 22, ele se adiantou novamente.
No mínimo, imaginava o que iríamos fazer: eu, meu pai e minha mãe.
Antevendo uma ida nossa ao Rio no dia 1º, decidiu encontrar-se com tia Zeneida.
Disse aos filhos que ela estava chamando e foi-se.

Não se deu ao trabalho de nos comunicar.
Soubemos através de um telefonema.
Eram 12h 45min.
Dos três, fui o primeiro a saber.
E tratei logo de informar ao pai.
A mãe só soube duas horas depois.

Hoje, oito dias antes do que eu previa, estou novamente no Rio de Janeiro.
A cidade continua bela.
Porém, para mim, perdeu muito do brilho.
E por um "simples" motivo.
Tio Osmar deixou de morar nela.
Como disse, atendeu ao pedido da tia Zeneida.
Foi para o andar de cima.

Ou seja: tratou logo de ocupar o lugar do nosso encontro quando eu, papai e mamãe partirmos também.
Era um homem precursor de movimentos.

Deixo claro que escrevo esse texto com o coração rasgado.
E no sentido literal da palavra, porque ver minha mãe chorando a morte inesperada do irmão é algo que jamais tirarei da lembrança.
JAMAIS.
Assim como o sorriso dele também não.

Tio, um dia, vou me acostumar com a saudade do teu abraço e com o gosto do caldo verde que o senhor me preparava sempre.
Mas não com a ausência.
A gente se vê em breve.
Até logo.