Um aborto cultural...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

'Zappiando' os canais enquanto assistia tv ontem, me deparei com um debate sobre a legalização do aborto no Brasil. Presentes no debate estavam deputados, estudiosos sociais e representantes de entidades ligadas à questão. A discussão foi bem interessante. Todas as versões foram ouvidas e a temática tomou um rumo aprofundado que me remeteu a um pensamento também aprofundado.

Depois que o programa acabou, me peguei pensando sobre o tema e percebi que essa é uma questão que se refere não só à reformulação constitucional ou qualquer coisa relativa a isso. Se refere sim à posicionamentos basicamente estruturados na nossa cultura. À nossa 'pobre' cultura. À nossa 'pobre' cultura de ignorância por opção ou exclusão.

Dizer que o aborto é uma agressão à vida, que infringe códigos de ética, que viola os direitos naturais da mulher de se ter um filho não colam mais pra mim. Agora, penso de uma maneira diferente: acho que antes de expor esses apontamentos, é necessário se indicar um modo de repensar nossa cultura, nosso modo de encarar as coisas.

Durante toda a história do nosso país, o povo brasileiro sempre foi muito privado do acesso a livros, à educação. Mas aí você se pergunta o que o alho tem com o bugalho. Mas tem sim. Se as pessoas que nós conhecemos tivessem um pouco mais de instrução, de história, de vivência mesmo, com certeza a visão que se tem do aborto hoje em dia seria diferente.

Não vou aqui dizer que sou contra ou a favor dessa tal legalização. O que quero deixar claro é que considero essencial uma reeducação social do nosso povo. Só assim vamos nos desvencilhar de posicionamentos pré-estabelecidos e embasados mertamente em paradigmas já existente. É fundamental que cada cidadão formule seu referencial crítico em fatos concretos. E isso só vai acontecer quando uma educação de qualidade vingar por aqui.

Quando isso acontecer, essa educação vai deixar as mães que hoje mal sabem o que é um pré-natal devidamente informadas sobre como agir em situãções de risco ou em ações habituais de uma gravidez. Também ficariam mais bem informadas sobre as inúmeras formas de prevenção e projetos beneficentes de apoio à formação de uma criança.

É isso que defendo: uma cultura de inclusão e não de exclusão!

BdeCastro.

Escrita em preto

O Ceará está de luto!
Ontem, um dos maiores nomes do Jornalismo e da História local se mudou pro andar de cima. Eduardo Campos, tão conhecido pelos seus trabalhos literários, não resistiu às complicações de um AVC hemorrágico. Hoje, a sociedade cearense veste preto e lamenta a perda.

E uma perda de peso, pois além dos trabalhos divulgados, Eduardo (ou simplesmente 'Manuelito') também representa toda uma classe de profissionais engajados com lutas sociais e de compromisso com a verdade. Sua atuação se compara à importância de nomes como o da professora Adísia Sá, tão reverenciada pelos colegas jornalistas.

No espaço do texto de hoje, quero deixar aqui meus pêsames à família deste profissional que também tive o prazer de conhecer e entrevistar. Um homem que, antes mesmo de se ter um contato mais próximo, já encantava só com gestual. Mas, da mesma forma, quero aproveitar para lançar um alerta à frota de estudantes de Jornalismo que está neste momento nas salas de aula das sete faculdades de Comunicação Social existentes em Fortaleza: SIGAM O EXEMPLO DE EDUARDO! SEJAM JORNALISTAS COM 'J' MAIÚSCULO E COM ORGULHO DE EXERCER UMA PROFISSÃO TÃO IMPORTANTE PARA A FORMAÇÃO DE SERES CRÍTICOS!

Fica aqui minha tristeza pela perda de alguém como Eduardo Campos, mas também minha alegria por seguir a mesma profissão deste homem. Um dia, quero chegar a um terço do que ele representou pro nosso povo.
Crédito da foto: Carol Domingues. Imagem divulgada no site do jornal Diário do Nordeste.

BdeCastro.