Cautela nunca é demais...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Estou curioso pra saber no que vai dar as eleições deste ano em Fortaleza. A cidade, se compararmos com anos anteriores de pleito, está um marasmo só. Quase nada de bandeiraços, de distribuição de material de campanha, de comícios, de abordagem corpo a corpo. Ali ou acolá é que vemos um candidato perambulando pelas ruas e tentando falar em propostas de governo.
Cautela muita da parte deles em agir assim. E não é à toa. O eleitorado cearense já mostrou que não gosta de muito estardalhaço, de imundície advinda de panfletagem mal feita e de poluição sonora. Acho que, dessa vez, os prefeituráveis e postulantes a cargos de vereador não engataram a primeira porque têm medo de avançar o sinal do bom senso.
E, sinceramente, tomara que permaneça assim até outubro. Dessa forma, sobra mais paciência pra, de fato, analisarmos os planos elaborados por cada um e deixarmos de lado as habituais baixarias que presenciamos em debates.
No mais, é esperar pra ver.
BdeCastro.

Nem todo elitismo é malígno

terça-feira, 1 de julho de 2008

Certa vez, numa conversa com amigos jornalistas, me perguntaram o que eu achava do “nível” dos políticos brasileiros. De pronto, respondi que temos perfis um tanto “exóticos” e outros dignos de aplausos. (Sim, precisamos reconhecer os engajados!).

Reclamei que não existe formação específica para alguém ser político. Qualquer um, basta querer, pode se filiar a um partido e, se conseguir o apoio da legenda, tem como disputar vaga em pleitos. Pois bem, as divergências começaram nesse ponto. E aconteceu depois que me posicionei a favor do que eles chamaram de “elitização” das nossas casas legislativas.

Repito aqui o que disse à mesa redonda de jornalistas: se for pra termos mais projetos de inclusão que tenham impacto positivo na qualidade de vida do povo, dou apoio incondicional a essa tal de elitização. Se for pro salário chegar a um patamar que dê pra gente viver melhor, apóio; se for para que as áreas de risco de Fortaleza diminuam, sou elitista; se for pra ida à escola deixar de ser uma moeda de troca por merenda, apóio; se for pra ver os teatros lotados de gente com cultura à flor da pele, sou elitista.

Mas assumo essa postura não porque tenho afeição com intelectualidade no poder ou qualquer coisa do tipo, mas porque julgo fundamental a formulação de ações urgentes e emergencias para amenizarmos as diferenças sociais que há mais de meio milênio segregam brasileiros e brasileiras.

Partindo disso, vale a reflexão de exigências mínimas para que os assentos parlamentares sejam ocupados por pessoas à altura da necessidade do povo. Só não sou de acordo com a idéia de que, ao chegarem nas tribunas da vida, esses eleitos inflem os egos e se vejam acima dos rélis mortais a ponto de quererem (re) instaurar a postura do “faço o que quero, quando quero e no que me render retornos particulares”. Mas esse já é um outro viés que deve ser analisado desde a época do Império, levando em conta a cultura que fez esses homens agirem como o que vemos hoje em dia.
BdeCastro.

P&B.

Meu coração parou de bater. Morri!
O de olho puxado encontrou o cheio de olheiras e eu morri.
A barba por fazer deixou o sorriso do outro mais largo e eu morri.
O corpo claro e quente contrastou no escuro (e também quente!) e eu morri.
O cheiro novo do branco intelectual tomou as narinas e eu morri.
As mãos finas que unem todas as cores se aproximaram das que são ausência de cor e eu morri.
A caminhada tranqüila daquele que representa a luz cruzou a janela do que simboliza a sombra e eu morri.
A segurança transmitida pelo bom encontrou as lágrimas escondidas do defeituoso e eu morri.
Um dia, o norte se uniu ao sul do outro e tudo antes disso morreu. Inclusive eu!
Agora, meu coração já volta a bater. Vivi!
Mas o branco no preto ainda persiste e pulsa no peito do poeta.
Pra ti!

Bruno de Castro (19/02, às 00h 23min, no quarto)

BdeCastro.

Incógnita...

Talvez..., quem sabe.
Talvez..., não sei.
Talvez..., pode ser.
Talvez amanhã.
Talvez em um mês.
Talvez em um ano.
Talvez hoje?
Talvez agora?
Talvez ontem?
Talvez.
Talvez..
Talvez...
Tal vez.

Bruno de Castro (30/06, no quarto).

BdeCastro.

[Des] Conc(s)erto

Sem graça, olho pro chão.
O peso do que foi dito ainda vigora.
O corpo, rasgado por dentro, guerreia para não desabar em loucura.

A neblina da tua fala perturba e a fresta deixada pode me fazer entrar, mas também dá espaço para a lágrima pular do olho involuntariamente.

Nisso, não conscientizo mais nada; não ordeno mais nada, nem as palavras; não tateio mais nada; não farejo mais nada. Nisso, travo um duelo "euXeu" num desejo desatinado de querer conscientizar, de ordenar, de tatear, de farejar. Tudo de ti.

E, enquanto os dias vão, o saber ligado às tuas ações me morde e eu tento não gritar.

Bruno de Castro (30/06, no quarto).

BdeCastro.

Gélida raiz

O vento que corta a serra também corta o peito.
E corta porque é frio.
E é frio porque é .
E é só pela tua inércia.

Calado e monocromático está um abismo a separar algo que sequer teve início. O pior é que não se sabe se terá um dia. Mas o vento frio que corta a serra e o peito continua lá: rondando...rodando!

E ro(n)da porque não tem como escoar.
E não escoa porque prefere assim.
E prefere assim porque tem vontade própria.
E só deixará de tê-la quando da tua boca o calor sair bem próximo da minha.
Aí, começa o degelo.

Bruno de Castro (em 30/06, no quarto).

BdeCastro.