Parecia um prelúdio dos anos futuros.
E era mesmo.
Mas a garotinha não tinha como prever isto.
Só certificou-se com o passar do tempo.
Quase tudo na vida levava-a ao choro.
Então...chorou...
Chorou...
Mas calada.
Não reclamava de uma vírgula que o tal de destino punha na sua redação.
Nunca reclamava.
E, ainda assim, no intervalo de uma lágrima e outra, arranjava disposição para sorrir.
Só nos últimos dias teve coragem de confrontar Deus.
Prostrada na cama, disse: "chega! Já sofri demais".
Foi o primeiro e único reclame em mais de oito décadas.
Ontem, descansou.
E deu mais uma lição ao, antes de fechar os olhos, pedir para voltar à serra de onde veio.
Até na despedida, foi Áurea.
Fez jus ao nome.
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Bruno de Castro.
ps: vá em paz, minha tia. A gente fica na saudade. A senhora já faz falta.