A nossa parcela de culpa.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Foi só Gilmar Mendes confirmar a inexibilidade do diploma de Jornalismo e a saraivada de críticas contra o STF começou. Os reclames partiram inclusive de mim. Porém, agora quero oferecer um novo ponto de vista para avaliarmos a questão. Mas deixemos algo claro: não retiro uma vírgula dos meus argumentos iniciais de que me sinto enojado do Brasil ter uma Suprema Corte tão cega.
Vamos à outra reflexão. Ao meu ver, nós, jornalistas - profissionais ou em processo de -, também temos parcela de culpa nessa afronta à democracia. E em alta cota. Digo isso porque os discursos sindicalistas em torno da defesa do diploma não são de agora. Eles já nos chegaram em diversas ocasiões e nos foi pedido diversas vezes que nos empenhássemos na causa para não termos direitos cassados.
Aí, pergunto: quantos produtores, repórteres, editores, chefes de redação, diretores, coordenadores de cursos universitários, estudantes e estagiários reproduziram o tom? Poucos. Muito poucos. Sempre que haviam manifestações, as pessoas fingiam que ouviam o convite. E só. Nas ruas mesmo, gritando, segurando faixas e distribuindo panfletos, somente figuras conhecidas como Déborah Lima (presidente do Sindjorce) e Cristiane Bonfim (secretária). Verdadeiras guerreiras.
A resistência da própria categoria em aprofundar o assunto sempre foi grande. E tudo por conta de uma cultura pobre de que sindicalista é radical em tudo. Certo que, em determinadas questões, é isso mesmo o que acontece. No entanto, no tema "regulamentação profissional" e diante da porrada do STF, a gente tem que ser extremista mesmo. Mas sem esquecermos que a defesa do diploma não é propriedade de sindicato. É dever de todo profissional.
Outra indagação: você, jornalista graduado ou estudante, pelo menos disse em alguma roda de conversas informais ser a favor da manutenção do diploma? Certamente, boa parte das respostas será "não". Ou, no máximo, um "sim" hipócrita para fazer de conta que está engajado na luta. Parto para essa argumentação porque já vejo muitos coleguinhas adotando essa postura.
Cansei de ver companheiros de redação se recusando em "grudar" no blazer simples adesivos com os dizeres "eu apóio o diploma". Cogitar a possibilidade deles vestirem a camisa do movimento, então, seria absurdo; quase um crime de quem queria a permanência da exigência. Logo, me vem à mente que chegar, sentar no altar e se eximir de culpa é muito fácil. Difícil é admitir que, se os inúmeros jornalistas de todo o Brasil tivessem pressionado mais o STF, a desregulamentação poderia não ter acontecido.
Agora, todos dizem "repudio a derrubada do diploma". Isso é unânime. Só resta saber quantos de fato foram às ruas endossar o coro dos sindicalizados e quantos estão querendo pegar carona numa onda de revolta só para "ficarem bem na foto" com os companheiros de bancada/empresa.
Sinceramente, tenho medo de descobrir o verdadeiro resultado dessa pesquisa. Talvez, muitos jornalistas nem tenham consciência do que significa essa derrocada. Talvez, nem valorizam o próprio diploma.
A apatia me revolta.
O conformismo também.

Precisa dizer alguma coisa??