
Certa vez, numa conversa com amigos jornalistas, me perguntaram o que eu achava do
“nível” dos políticos brasileiros. De pronto, respondi que temos perfis um tanto “exóticos” e outros dignos de aplausos. (Sim, precisamos reconhecer os engajados!).
Reclamei que não existe formação específica para alguém ser político.
Qualquer um, basta querer, pode se filiar a um partido e, se conseguir o apoio da legenda, tem como disputar vaga em pleitos. Pois bem, as divergências começaram nesse ponto. E aconteceu depois que me posicionei a favor do que eles chamaram de
“elitização” das nossas casas legislativas.
Repito aqui o que disse à mesa redonda de jornalistas: se for pra termos mais projetos de inclusão que tenham
impacto positivo na qualidade de vida do povo, dou apoio incondicional a essa tal de elitização. Se for pro
salário chegar a um patamar que dê pra gente viver melhor, apóio; se for para que as
áreas de risco de Fortaleza diminuam, sou elitista; se for pra
ida à escola deixar de ser uma moeda de troca por merenda, apóio; se for pra ver os
teatros lotados de gente com cultura à flor da pele, sou elitista.
Mas assumo essa postura não porque tenho afeição com intelectualidade no poder ou qualquer coisa do tipo, mas porque julgo fundamental a
formulação de ações urgentes e emergencias para amenizarmos as diferenças sociais que há mais de meio milênio segregam brasileiros e brasileiras.
Partindo disso, vale a reflexão de
exigências mínimas para que os assentos parlamentares sejam ocupados por pessoas à altura da necessidade do povo. Só não sou de acordo com a idéia de que, ao chegarem nas tribunas da vida, esses eleitos
inflem os egos e se vejam acima dos rélis mortais a ponto de quererem (re) instaurar a postura do “faço o que quero, quando quero e no que me render retornos particulares”. Mas esse já é um outro viés que deve ser analisado desde a época do Império, levando em conta a
cultura que fez esses homens agirem como o que vemos hoje em dia.
BdeCastro.